Wednesday, November 16, 2011
Depois do 11 11 11
Foi uma experiência iluminada. Subir ao sótão do Espaço Apis por uma escada vermelha até chegar a um ambiente escuro e incomum onde estava a câmara dos sentidos. Seis pessoas entravam de cada vez em uma tenda, uma estrutura feita de papel vegetal pelo coletivo Moleculagem. Baseada em uma geometria de Pitágoras, o Tetractys, símbolo místico, produziu um efeito desta natureza.
A câmara dos sentidos é fruto da intenção da curadoria de fazer uma alegoria do Mito da Caverna de Platão. A ideia era provocar uma mudança de perspectiva com o choque da percepção de que espaço e tempo podem ser manipulados e chegar ao entendimento de que a realidade é uma ilusão.
O grupo apresentou a instalação imersiva pintando com luzes e som para levar a um questionamento da percepção através da arte. A sensação de se mover com as imagens, entrar em túneis e caracóis infinitos, viajando por cores e formas abstratas que, junto com o som, produziu um efeito meditativo. Cada um com seu headphone, que emitia sons holográficos para gerar uma ampliação da consciência, embarcou na viagem que os transportou a outra dimensão para questionar a realidade através da manipulação da percepção de espaço e tempo.
O público entrou com sua subjetividade independente e saiu com a mesma impressão. Os 11 minutos 11 segundos e 11 frames da projeção se dissolveram na percepção que estava sendo dirigida pelas imagens e pelo som; e perderam a noção de tempo.
Hoje o tempo está muito acelerado com tanta informação e estímulos, mas a obra mostrou que podemos viver em outro ritmo, podemos controlar o tempo. O espaço também foi transformado pois as pessoas que estavam dentro da “caverna” esqueciam do mundo lá fora.
Descendo as escadas para o salão térreo a obra de Eduardo Petroni seguia na sublinha psicodélica com telas de grandes dimensões que trazem figuras alienígenas futuristas. Em uma sala escura, luzes negras acendiam as cores acidas das pinturas e esculturas de bonecos, entidades que com sua presença causavma estranhamento. Um ambiente anormal para uma galeria, que dava a sensação de estar entrando em outro universo, se posicionando no mundo da arte atual ao seguir a tendência de ambientação e da estética relacional. As pinturas de Eduardo Petroni também produziam um efeito óptico de puxar o olhar ao centro e depois se espalhar expansivamente.
O público saiu com uma sensação de transcendência, como nas catedrais góticas e painéis nos tetos renascentistas, que com a perspectiva trouxe a descoberta de outra dimensão através da arte. Seja na terra ou no céu, no sótão ou no térreo; em um vácuo atemporal, o happening levou a uma expansão de consciência nessa exposição de alto nível que reforça a prova de que o Rio está cada vez mais internacional.
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